O que é Terapia Cognitivo-Comportamental?
Neste
primeiro post gostaria de escrever um pouco sobre a Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC), suas origens e seu desenvolvimento ao longo dos
anos.
A Terapia Cognitivo-Comportamental,
nome que se tornou popular no Brasil, refere-se à Terapia Cognitiva de Aaron
Beck, um psiquiatra que, na década de 60 na Filadélfia, desenvolveu um modelo de
intervenção psicológica a partir de seus estudos sobre a depressão. Ele
constatou que pacientes com este diagnóstico apresentavam uma melhora
considerável em seu quadro de humor quando expostos a atividades consideradas
por eles como prazerosas. A partir de então, seguiu com uma série de estudos
sobre o transtorno, chegando finalmente a três pressupostos fundamentais de sua
teoria: 1) a percepção distorcida que o indivíduo tem das situações, e não as
situações em si, influencia o seu modo de sentir e de agir, resultando em um
quadro patológico; 2) as cognições podem ser monitoradas e modificadas; 3) a
mudança do comportamento e dos sentimentos podem ser promovidas através da
modificação dos esquemas cognitivos.
Quando falamos em esquemas cognitivos,
cognições, pensamentos, sistema de crenças, estamos nos referindo a um grupo de
convicções, “jeitos” de pensar, de interpretar, de perceber a nós mesmos, os
outros e o futuro. Beck notou que os pacientes com depressão apresentavam uma
percepção negativista acerca de si, dos outros/mundo e do futuro, a qual
interferia em seus sentimentos e comportamentos.
Com o passar do tempo, novos estudos
foram realizados e seus resultados serviram como confirmação, complemento e
desenvolvimento da abordagem beckiana. Vale a pena ressaltar que a TCC é
totalmente fundamentada por pesquisas científicas no âmbito das ciências do
comportamento, processos cognitivos e neurociências, o que a torna uma
abordagem fidedigna. Através dessas pesquisas, a Terapia Cognitiva, que
inicialmente foi desenvolvida para o tratamento de pacientes adultos com
transtorno de humor unipolar, hoje é utilizada com todas as idades na intervenção
de diversos transtornos, tais como: transtornos de humor, transtornos de
ansiedade, de personalidade, de déficit de atenção/hiperatividade, transtornos alimentares,
transtornos do sono, transtornos de tiques, dependências químicas, etc.
A base da Terapia Cognitiva é justamente o pressuposto
de que interpretações distorcidas acerca dos eventos guiam os sentimentos,
comportamentos e reações neurovegetativas do indivíduo, o que resulta em seu
sofrimento. O objetivo da intervenção clínica de abordagem
cognitivo-comportamental é de transformar o pensamento e o sistema de crenças
disfuncionais do paciente, de forma que sejam promovidas alterações duradouras
nos aspectos emocionais e comportamentais do mesmo.
Pesquisas confirmam a eficácia da TCC nos mais
variados casos de transtornos mentais. Por se tratar de uma terapia focada no
problema do indivíduo, os resultados podem ser alcançados mais rapidamente do
que em outras abordagens, o que é um ganho muito grande para o paciente.
Carolina Faria Arantes
Esp. Terapia Cognitivo-Comportamental
Mestranda em Psicologia da Saúde