terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Preocupações – Até que ponto elas são saudáveis? 




A preocupação é um processo normal inerente à condição humana. Todos nós ficamos preocupados diante de eventos importantes que devemos enfrentar ou quando alguma situação ruim e ameaçadora está na iminência de acontecer. Ela tem a função construtiva de nos alertar e nos preparar para a solução de problemas futuros, gerando baixo nível de ansiedade. Porém, em alguns casos a preocupação assume uma característica exagerada, o que resulta em ansiedade intensa e, consequentemente, no sofrimento do indivíduo.
A preocupação patológica tem origem na antecipação exagerada de possíveis resultados negativos futuros, o que gera e mantém a ansiedade do indivíduo. Ela funciona como um lembrete persistente de uma ameaça que é repetidamente pensada e ensaiada, sem que de fato se resolva. O indivíduo tem a percepção equivocada de certeza, previsibilidade e controle dessa ameaça.
A preocupação e ansiedade excessivas com relação a inúmeras circunstâncias da vida são as principais características do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Pessoas com TAG se queixam da dificuldade em controlar suas preocupações e de outros sintomas, como: inquietação, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono e dificuldade de concentração.
No Transtorno de Ansiedade Generalizada, as preocupações são reflexos das metas e questões pessoais do indivíduo, além da visão que este possui de si mesmo, dos outros e do seu futuro. Em geral, pessoas com TAG se veem como fracas e incapazes de controlar e/ou resolver situações difíceis. Assim, uma tarefa desafiadora pode desencadear pensamentos e imagens ameaçadores voltados ao futuro e relacionados com as metas e tarefas daquele momento da vida do indivíduo.
O TAG, ao contrário de outros transtornos de ansiedade, como o pânico e fobias, apresenta características difíceis de serem identificadas como sintomáticas, pois seus sintomas acompanham o indivíduo durante muitos anos, fazendo com que pareçam mais um “jeito de ser” do que um transtorno psicológico. Na maioria das vezes, a pessoa busca a ajuda do terapeuta devido aos sintomas agudos de depressão ou ansiedade, que podem ser desenvolvidos caso o Transtorno de Ansiedade Generalizada não seja devidamente tratado.
Sendo assim, é importante que o indivíduo que apresente preocupações excessivas com eventos futuros e uma visão ameaçadora dos mesmos procure um psicólogo. Através da psicoterapia, o indivíduo aprenderá novas estratégias cognitivas e comportamentais que o ajudarão a lidar com situações desafiadoras de forma mais adequada, resultando na diminuição da ansiedade, aumento da autoconfiança e da capacidade de resolução de problemas, tendo como consequência, maior qualidade de vida.



Fonte
Clark, D. A. & Beck, A. T. (2012). Terapia Cognitiva para os transtornos de ansiedade. Porto Alegre: Artmed.


Carolina Faria Arantes
Esp. Terapia Cognitivo-Comportamental
Mestranda em Psicologia da Saúde